Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Cirurgia bariátrica: pra quem e por quê?


Este ano, um nova resolução do Conselho Federal de Medicina ampliou as indicações de Cirurgia Bariátrica, incluindo uma série de novas indicações. Esse foi um marco muito importante pois tornou esse procedimento acessível a uma parcela da população que tem , sem dúvida benefício com a perda e MANUTENÇÃO DE PESO, que é facilitada nesse procedimento, mas que antes, ainda não se enquadrava nos critérios.



Mas, afinal, por que fazer a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz para aquelas pessoas com obesidade grave (Índice de massa corporal [IMC], que é a relação entre peso e altura, maior que 40) ou com IMC entre 35 e 40, mas com doenças graves associadas e provocadas pela obesidade. É o tratamento indicado pois leva a grande melhora ou mesmo resolução da obesidade e das doenças associadas, facilitando a manutenção ao longo dos anos subsequentes. Só para exemplificar, nos casos de obesidade grave, com IMC maior que 40, apenas em 30% dos casos o indivíduo consegue perder peso chegando na faixa de peso adequada para sua altura (IMC menor que 25)

Quem tem indicação/ benefício?

Pessoas com IMC maior que 40 e que tenham feito tratamento clínico por pelo menos 2 anos, com equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, psicólogo, profissional de atividade física) sem sucesso. Estão inclusos agora aqueles indivíduos com IMC entre 35 e 40 (obesidade grau 2) mas com doenças associadas a obesidade como:

1.    pulmonares: asma, apneia do sono, doença restritiva pulmonar
2.    metabólicas: diabetes, dislipidemia, 
3.   osteoarticulares: osteoartrose, hernia de disco
4.   doenças cardiovasculares: coronariopatia, infarto agudo do miocárdio  cardiopatia dilatada, hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, AVC (derrame)
5.   infertilidade feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, 
6.   circulatórias: veias varicosas, insuficiência venosa
7.    neurologicas: hipertensão intracraniana idiopática
8.   Estigmatizção social, depressão.

Estou “curada” da obesidade após a cirurgia? Posso comer o que quiser após a cirurgia e mesmo assim vou emagrecer e não mais engordar?

A cirurgia deve ser vista como o início de uma "nova vida" na qual vai ser mais fácil seguir uma dieta saudável, mas em que o controle da qualidade e quantidade precisam ser feitos de forma precisa e contínua para assegurar que a perda de peso seja alcançada sem desnutrição. No primeiro ano, mesmo com pequenos deslizes a perda de peso ocorre, porém após esse período pode ocorrer, e geralmente  ocorre, um reganho de peso, que normalmente se limita a 10% do peso perdido (por exemplo, quem perdeu 30 kg, tem 3kg de reganho). Aquelas pessoas, entretanto, que não seguem corretamente a dieta acabam tendo um reganho maior ou contínuo, podendo voltar ao peso inicial.
Não existe mágica!! A cirurgia é apenas um dos caminhos para o sucesso na perda peso. O  protagonista principal deve ser o INDIVÍDUO.

Não posso mais comer após a cirurgia? Isso vai me restringir pra sempre?

A cirurgia, seja em redução do estomago + Y Roux (com bypass, que é a derivação intestinal) ou apenas a redução do estômago (gastrectomia vertical) causam uma restrição grande inicial, que com o tempo vai permitindo um acomodação maior de volume, com menos restrição. Ao longo do tempo, a pessoa vai conseguindo comer mais, porém não é interessante "forçar" comer um volume cada vez maior porque o sucesso cirúrgico depende de uma certa restrição que permite comer pouco e saciar-se com facilidade. O importante é a mudança de paradigmas no qual qualidade é mais importante que quantidade. 

Preciso continuar indo ao médico após a cirurgia? Quando estarei de ALTA?

Não existe "ALTA" após a cirurgia. O acompanhamento vai se tornando mais espaçado, sendo inicialmente a cada 3/3 ou 4/4 meses e posteriormente de 6/6 meses,  mas deve existir regularmente, de forma preventiva e pró ativa, para evitar complicações e continuar promovendo saúde!

domingo, 13 de novembro de 2016

Diabetes: Um mal silencioso. “Não deixe o invisível enganar você”


    Voltei a escrever logo hoje, incentivada por essa data tão importante: O Dia Mundial do Diabetes. Parece incrível, mas ainda hoje, com tanta informação e com tantos veículos de informação, pessoas ainda desconhecem essa doença tão devastadora e, infelizmente, comum. A idéia deste blog é justamente fornecer informações confiáveis, de modo a promover um vida mais saudável. Então, vamos entender melhor sobre essa doença tão negligenciada.

   Pra facilitar, podemos dizer que Diabetes é  uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente aquela que produz. A insulina é um dos hormônios que controla a quantidade de açúcar (glicose) no sangue. O corpo precisa da insulina para transformar o açúcar - obtidos por meio da alimentação -  em energia. Com o nível de glicose alto (hiperglicemia), os órgãos, vasos sanguíneos e nervos podem sofrer danos.

    Atualmente, o diabetes afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, até 2025 esse número deve aumentar para 380 milhões. No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivem com a doença, o que representa 6,9% da população. E esse número está crescendo. Em alguns casos, o diagnóstico demora, o que favorece o aparecimento de complicações.

   Este ano se destaca pelo grande número de novidades tanto no tratamento como na monitorização do diabetes. O surgimento de novas drogas, em especial os da classe das GLIFOZINAS e os novos ANÁLOGOS DO GLP-1 (hormônio intestinal naturalmente presente no intestino terminal), lançados este ano no BRASIL, trazem novos horizontes, não só no tratamento da diabetes. Este medicamentos também tem efeitos muito interessantes no peso, promovendo emagrecimento e efeitos benéficos na função cardíaca e prevenção de eventos cardiovasculares (incluindo diminuição de morte por evento cardíaco). E na prática clínica, a resposta tem sido m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a. Destaco também o lançamento do análogo GLP1 de administração semanal, que torna tudo mais prático, já que estes remédios até agora, eram de aplicação injetável subcutânea, diária.

       Na área de monitorização, o lançamento de um aparelho que consegue medir a glicose sem picadas, apenas com a inserção de um sensor trocado a cada 15 dias, que é escaneado quantas for necessário torna a vida do usuário de insulina, especialmente os diabéticos do tipo 1, muito mais prática e segura. Muito animador. A desvantagem ainda fica no preço, já que as fitas de glicemia capilar tem sido fornecidas pelo SUS e este sensor tem um custo mensal que gira em torno de 450 reais, deixando grande parte da população de fora desse benefício.



   Todos os anos, governos do mundo inteiro investem em campanhas para chamar atenção da população para a importância do combate ao diabetes. Mundialmente, existe uma campanha de conscientização chamada "Unidos pelo Diabetes". Com a cor azul como símbolo, mais de 800 monumentos e prédios ao redor do mundo são iluminados de azul no dia 14 de novembro. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes lança, este ano, a campanha educativa nas redes sociais: “Não deixe o invisível enganar você”.

 Confira mais informações sobre o diabetes:

O diabetes tipo 1 é autoimune, ou seja, por algum motivo ainda desconhecido, o sistema de defesa da pessoa destrói o pâncreas -  a fábrica de insulina -, pois encara o órgão como um ‘inimigo’. Os fatores de risco para esse tipo de diabetes são o histórico familiar de doenças autoimunes (lúpus, doença de tireoide, artrite reumatoide), algumas infecções virais e o estresse.


            O diabetes tipo 2 ocorre quando a insulina não consegue exercer adequadamente o seu papel no organismo. Esse tipo da doença é o que mais cresce no mundo e está associado, principalmente, a obesidade e ao sedentarismo, mas também tendo como fator importante a genética familiar. Outros fatores de risco envolvem a alimentação rica em gordura saturada e açúcar, quadros passados de diabetes gestacional e uso de algumas medicações, como corticoides, antipsicóticos, GH, entre outros.
            O diabetes descontrolado pode causar uma série de complicações ao organismo. No sistema circulatório, ele pode levar ao infarto, causar falta de sangue nas pernas (doença vascular) e acidente vascular cerebral (AVC). Já no sistema nervoso, o diabetes pode gerar a destruição de fibras nervosas responsáveis pela sensibilidade, a sensação de dor constante e a dormências nas mãos e pés. Para o sistema urinário, a doença pode acarretar insuficiência renal. Além disso, o diabetes pode causar a sensação de ‘estômago inchado’, má digestão, diarreia, dificuldade de controlar as evacuações, disfunção erétil e cegueira.

            O tratamento consiste, principalmente, na adoção de hábitos de vida saudáveis, com a prática regular de atividades físicas, com uma alimentação baseada em uma dieta pobre em açúcar e carboidratos e com o uso de alguns medicamentos. Ao contrário do que se pensa, o diabetes tipo 2, quando recém diagnosticado, pode ser curado se a pessoa logo adquirir novos hábitos de vida e fazer uso correto da medicação. O diabético tipo 1, apesar de ter uma condição ‘incurável’, pode e deve levar uma vida normal, apenas tendo um pouco mais de disciplina em manter uma alimentação saudável, monitorando os valores da glicose e aplicando insulina de acordo com sua alimentação. Diversas personalidades e atletas tem diabetes tipo 1 sem que ninguém nem perceba algo diferente.

            A principal forma de prevenção é ter uma vida saudável, moderando o estresse, evitando ganho excessivo peso, praticando atividades físicas e mantendo uma alimentação saudável, rica em verduras, legumes, carnes magras e gorduras insaturadas.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

10 Passos para ALIMENTAÇÃO saudável da criança.

Hoje no Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil resolvi escrever sobre 10 passos para uma alimentação saudável na criança. Vamos levantar essa bandeira com seriedade e não condenar nossos filhos aos transtornos da obesidade!

1- Não ofereça açúcar.
Seu filho não precisa de adição de açúcar em sucos, leite, nem em outras bebidas. Não tendo contato com o açúcar ele simplesmente não sentirá falta do mesmo. Assim, terá oportunidade de sentir o paladar verdadeiro dos alimentos e das frutas, podendo apreciar os sabores sem a interferência do açúcar. Tudo é hábito. a adição de açúcar aumenta o valor calórico sem nutrir de fato.

2- Crianças com menos de 2 anos não devem nem precisam comer doces nem chocolate.
Esses alimentos não acrescentam nutrientes e ainda estão associados a formação de placa bacteriana que afetará a saúde bucal, numa idade que a escovação dos dentes é difícil e nem sempre tão eficaz.

3- Não acrescente sal a comida nem às papinhas.
Mais uma vez, você não sente falta do que não conhece! O sal sem dúvida pode tornar a comida mais palatável porém aumenta em muito o risco de hipertensão arterial e cálculo renal. Trata-se de um hábito. As crianças, em especial os bebes tem uma necessidade muito baixa de sal, que se for acrescido na comida com certeza excederá a recomendação diária.


4- Deixe seu filho ter contato com a comida da forma mais natural possível. Evite liquidificar ou bater os alimentos.

Os bebes devem ter a experiência de tocar na comida, sentir, cheirar e se servir. Mesmo que não seja em todas as refeições, deixe ele experimentar a comida e tocar. Explorando a comida ele terá mais gosto em comer e aumentará naturalmente o repertório de sabores e gostos. A variedade de texturas também é muito importante.

5- Ofereça os alimentos em separado e de modo variado.
Variedade de cores significa variedade de nutrientes. O prato saudável deve ter pelo menos CINCO cores diferentes.

6- Melhor que suco de fruta é a fruta inteira.
Estimule seu filho (a) a comer frutas e não somente a tomar o suco de frutas. As frutas consumidas "in natura" são ricas em fibras e vitaminas que se perdem no processo de confecção do suco. Sucos de fruta são muitas vezes muito calóricos e ricos em carboidratos simples (açúcar natural da fruta mas que rapidamente são absorvidos). Podem até ser consumidos de vez em quando mas não rotineiramente. Sempre tenho em casa água flavorizada ou chá de ervas , como hortelã, cidreira, capim limão, que podem ser consumidos frios substituindo os sucos.

7- Dê o exemplo
Exemplos são mais importantes do que apenas palavras. Exemplos moldam de forma natural e ratificam os preceitos. Minha mãe já dizia: "Os filhos são o reflexo dos pais".

8- Iogurte natural no lugar dos aromatizados e açucarados.
Minha filhas de 2 anos e meio e 11 meses adoram e estão super acostumadas a comer iogurte natural puro ou com granola e frutas. Elas adoram!!! Nem sabem o gosto dos outros tipo de iogurte. O iogurte é rico em bactérias boas para saúde do intestino e ajudam a prevenir obesidade e doenças metabólicas.

9- Não acostume seu filho a comer vendo TV ou outra distração
quando comemos nos distraímos nem nos damos conta do que e quanto ingerimos. Acabamos comendo demais. É claro que de vez em quando não há problema, mas não pode ser uma regra!

10- A criança/ bebe não precisa comer ATÉ O FINAL. Basta estar satisfeito!
Bebês e crianças pequenas comem até se satisfazer. Não tem "olho grande". Não insita para que seu filho coma até o final, programando ele para se acostumar a comer além da satisfação. isso será um problema no futuro. Respeite sua satisfação!



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Voltando a forma pós parto: parte 3

Medicação para obesidade e suplementos: o que pode e o que não pode?

Muito bem, se você está amamentando as restrições são bem parecidas aquelas da gestação, pois grande parte dos remédio passa para o leite materno. Mesmo assim ainda restam algumas opções para auxiliar ao retorno do peso (ou ao emagrecimento, no caso daquelas que já partiram de um sobrepeso antes da gestação). Para ser mais didática vou separ os suplementos e medicamentos em pode e não pode

Podem ser usados:

Farelo de aveia- aumenta a saciedade e ajuda a regularizar o intestino. Consumida com fruta, iogurte, sopas, na massa de tortas.

Gogi Berry: Frutinha rica em vitaminas:

  •  complexo B, importante para músculos, sistema nervoso, enzimas, 
  •  vitamina C, importante para o sistema imunologico ]
  •  beta-sisterol, que tem ação anti-inflamatória, 
  •  cyperone, um fito-nutriente que proporciona benefícios ao coração e pressão sanguínea 
  •  fisalina, importante para portadores de hepatite B e C. 
  •  betaína, usada pelo fígado para produzir colina, substância necessária para a formação de fosfolípides, componentes de todas as membranas celulares. 
  •  beta-glucanas conhecidos como modificadores da resposta imunológica contra processos infecciosos.

Atua reduzindo obesidade, risco de doenças cardiovasculares e diabetes. Antioxidante e anti-inflamatório.
A dosagem diária recomendada de goji berry é entre 15 e 45 gramas ou 120 ml do seu suco. 

Chia- sementinha que expande ao ser ingerida e absorver água e aumenta muito a saciedade além de ter um efeito incrível reduzindo colesterol. pode ser utilizada 2x dia antes das refeições ou acompanhando fruta/ iogurte/ sopa/ suco, 1 colher se sobremesa em cada tomada é suficiente.

Orlistate (Lystate/ Xenical/ Lipiblock)- Medicações que reduzem a absorção de gordura. Formalmente não consta em bula a indicação para lactantes porém como não é absorvido pelo intestino e atua pontualmente no intestino poderia muito bem ser usado "off label" e acompanhado por seu médico, associado, claro a uma dieta hipocalórica.

Não podem ser usados:

Sibutramina

Anti depressivos e ansioliticos - fluoxetina, sertralina (salvo autorizado por psiquiatra dosando risco beneficio)

Victoza (como uso off label para obesidade)

Termogênicos 

Catecolaminérgicos: Anfepramona, fenproporex, mazindol (que no momento inclusive estão com seu uso restrito no Brasil mas qaue estão para serem liberados novamente)

   Claro que o uso de suplementos e medicamentos deve ser sempre complementar a uma dieta hipocalórica (com menos calorias) e preferencialmente pobre em carboidratos dentro da linha de trabalho que acho mais interessante, e atividade física regular. Sendo assim, logo poderá voltar a entrar naquelas roupas que estão saudosas de serem usadas.... 

   No próximo post vou falar um pouco de "Voltando a forma pós parto: Como não emagrecer demais", a pedido de amigas que estão com medo de irem embora com o vento de tão magras que ficaram.