Após um longo período sem escrever estou de volta,
e com força total! Não, eu não deixei de estudar! Ocorre que gosto
de escrever sobre algo que desperte a minha curiosidade e a de vocês
(imagino...). Gosto de estar inspirada, e nas ultimas semanas não estava
muito... Bom, o assunto que escolhi para falar foi um tema que foi enviado por
uma professora da USP nesta semana e coincidentemente saiu na Revista Veja
também. Qual a influência das bactérias intestinais no nosso peso corporal e na
chance de termos DIABETES? Já tinha abordado este assunto num post anterior,
mas agora tenho detalhes interessantes.
Quando nascemos nosso intestino não possui nenhuma
bactéria. É estéril. A medida que nos alimentamos e temos contato com nossos
pais, vamos sendo "colonizados" por bactérias intestinais. Até
recentemente, acreditava-se que essas bactérias protegiam o intestino de
infecções por outras bactérias nocivas a saúde e que poderiam nos causar doenças
sérias. Sim, isso ainda é verdade. O que estamos descobrindo é que essas
bactérias além dessa função, protetora, também podem ser responsáveis por
OBESIDADE e DIABETES. Isso é incrível ! (na minha humilde opinião) Lembro-me
quando ainda na faculdade estudei que podiam ser identificadas bactérias nas
placas de ateroesclerose, do coração, sendo levantada a hipótese que a doença
coronariana seria desencadeada por infecção bacteriana. Em seguida, a síndrome
metabólica (que é a combinação de diabetes, obesidade, principalmente no
abdome, aumento de colesterol e triglicerídeos, e pressão alta) foi associada a
um estado INFLAMATÓRIO tal e qual o que ocorre durante infecções. Agora, temos
evidências de que dependendo da "qualidade das bactérias intestinais"
podemos desenvolver DIABETES e OBESIDADE. Todos esses dados juntos são muito
interessantes.
OK, mas quais são as evidências dessa hipótese de
bactérias intestinais causando obesidade e diabetes? Em 2009 saiu um artigo na
revista Science (Science, 29 May 2009, p. 1136) no qual ratos obesos
emagreceram, mantendo sua dieta, após terem sido tratados previamente com antibióticos
e , posteriormente, terem sua microbiota (bactérias residentes no intestino) substituída
pela de outros ratos naturalmente magros. Nesta época, um microbiologista
chinês, Zhao Liping, que estava lutando com a obesidade, resolveu testar nele
mesmo essa teoria. Tinha engordado 30 kg durante sua pós-graduação e sofria com
as consequências da síndrome metabólica. Começou, então, a utilizar uma raiz chinesa
(um tubérculo parecido com batata doce) e uma fruta chamada bitter melon. Em
comum, ambos os alimentos são conhecidos por suas propriedades PROBIOTICAS.
Estimulam o crescimento de algumas bactérias em detrimentos de outras no
intestino, mudando o perfil da microbiota intestinal. O resultado foi que o
pesquisador EMAGRECEU 20 kg em 2 anos.
Seus problemas decorrentes do excesso de peso
cessaram e ele conseguiu manter esse peso até agora. analisou o perfil de bactérias
das próprias fezes e percebeu que elas eram de qualidade e proporção
(quantidade) diferentes!! Mas como bom pesquisador, Zhao sabia que "sua experiência
pessoal" apenas não seria suficiente para convencer o mundo de sua teoria.
Iniciou uma série de estudos sendo um deles com um grupo de 123 indivíduos
obesos (com IMC>30) submetidos a uma dieta com prebióticos. Noventa e três
pessoas completaram o estudo, tendo emagrecido 7Kg. As toxinas intestinais e as
bactérias intestinais eram totalmente diferentes. Animado com esses resultados,
está conduzindo uma nova pesquisa, agora em 3 cidades diferentes da China com
um total de 1000 pessoas! Num outro estudo, agora realizado na Holanda, outro
grupo de pesquisadores estudando pessoas obesas e diabéticas, apenas utilizando
alimentos pro bióticos, sem mudar a rotina de alimentação e atividade física,
observou uma diminuição de peso e melhora do diabetes.
Bactéria que causam menos "inflamação"
seriam mais benignas dando chance para o organismo atingir um novo equilíbrio,
mais saudável.
Esses resultados são animadores, mas o principal recado é que ainda
temos que aprender muito no quesito diabetes e obesidade!! Para isso, é
primordial continuar investindo em pesquisa básica.... mas existe luz no fim do
túnel!!!
Esta imagem foi retirada da revista Veja ed 2297- ano 45- n 48