Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Dieta e atividade física para emagrecer: mudar é possível?

Muitas pessoas são contra o uso de medicações para emagrecer. Eu também!

Ok, você deve estar se perguntando: “Espera ai, não foi ela mesma quem defendeu o uso da sibutramina, neste mesmo blog?” Deixe eu me explicar melhor. Sou contra o USO ISOLADO E “MILAGROSO” dos medicamentos, até mesmo porque remédio isolado não faz milagre! (Infelizmente, rsrsrsrs) A medicação ajuda e muito principalmente quando temos quadros crônicos de obesidade, distúrbio alimentar (sendo muito comum a compulsão alimentar), comer noturno, e outros que são verdadeiros sabotadores da dieta, e do peso!

Mudar é preciso... mas não é nada fácil. Os hábitos modernos, comidas prontas, super práticas, porém cheias de gordura saturada, farináceos e conservantes embutidos, controle remoto, elevados, carros hidramáticos, máquina de lavar roupa (A Santa!)... tudo muito bom, porém péssimo para o nosso organismo. “A tá, então vou ter que voltar ao tempo da pedra? Lavar roupa na mão, criar galinha em casa, ir trabalhar andando da Barra da Tijuca até o Centro da cidade (e levar 4h para chegar ao trabalho)?” Não, não, não. Pequenas mudanças fazem toda diferença. Muitas vezes (na maioria delas, diga-se de passagem), seja no consultório privado, no ambiente público, ou mesmo numa conversa de bar, as pessoas se revelam fazendo TUDO ERRADO. Não adianta num primeiro momento tentar mudar TUDO: “O Senhor(a) vai ter que seguir essa dieta (super rígida), iniciar atividade física 5x na semana, parar de beber bebida alcóolica, cortar doces... e escalar o Himalaia (esse ultimo é brincadeirinha).” Para 99% das pessoas isso é IMPOSSIVEL!! Tudo, ao mesmo tempo agora, não dá!

Mudar o estilo de vida é difícil mas não impossível. Isso implica em mudanças de hábitos sedimentados ao longo de anos, muitas vezes hábitos passados de geração em geração. Mudança de conceitos e quebra de preconceitos. Mudar é difícil mas não impossível. Existem alguns pontos muito importantes para se obter o sucesso nessa jornada:

1. Auto conhecimento é fundamental! Cada um tem um jeito e sabe o que é difícil para si. Traçar uma estratégia é fundamental! Nada é impossível!!

2. Sedentário. Inicie uma atividade física que lhe dê prazer: dança de salão (sempre sonhei em fazer), natação (super relaxante), yoga, luta (já fiz jiu-jitsu- M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Excelente para extravasar o estresse), tênis, bicicleta... caminhada...qualquer coisa. Ah tá, nada te dá prazer? Odeia atividade física? Tem que fazer mesmo assim. Escolha uma e se condicione a ir pelo menos 3x por semana. “Não tem tempo?” Arranje!! Pode ser 10 min de caminhada diária. Parece pouco? É um início. O importante é criar o hábito. Após 1 semana caminhando 10 min/dia, aumente para 15 min, depois 20 min... até alcançar 30 min. O importante é criar o hábito!!

3. “Não tenho tempo de comer direito” (só pra comer errado? Não entendi??). Não boicote você mesmo. Tempo é organização. Existe uma infinidade de opções hoje de comida saudável congelada, opções múltiplas de sanduiche + salada caseira, frutas e polenguinho light embalado individualmente, que podem ir na bolsa... Basta se organizar! Mesmo comendo na rua é possível fazer um refeição leve. Tudo são as ESCOLHAS que você faz.

4. Estabeleça metas realistas: Primeiro melhore sua alimentação não comendo doce de sobremesa (no trabalho) durante 6 dias da semana, por exemplo. Na outra semana, troque o pão francês ou o branco por pão light integral e tudo o que for “gordo” por light (leite integral por desnatado, queijo amarelo por branco/requeijão light, iogurte integral pelo light, açúcar por adoçantes, etc). Na próxima semana, corrija as quantidades... Pequenas mudanças podem somar grandes, enormes mudanças quando são feitas de forma lenta e no seu ritmo. Você tem que se acostumar com essa “nova vida”.

5. Use as escadas. Ande até o restaurante, academia, banco... evite o carro para pequenas distancias. Não faça drama!! Ouse! Aproveite um dia bonito para ir a pé! Crie coragem e vá!

Neste processo o apoio da família e dos amigos é fundamental. Muitas vezes estamos “dormindo com o inimigo” (é apenas uma metáfora rsrsrsrs). É a mãe que te oferece o seu prato “calórico” predileto, que ela fez especialmente pra você; o amigo que te leva num bar e quer “rachar” uma porção de batata frita... Neste caso, mudar fica ainda mais difícil! Mobilize todo mundo a te ajudar. E se você esta ao lado de alguém tentando mudar: “Pelo amor de Deus, ajude essa pessoa!! Colabore e não boicote esse processo tão difícil e custoso!” De qualquer forma o principal interessado em emagrecer, ganhar saúde, para de fumar... é VOCE!!!

Se organize. Planeje. MUDAR é possível! Eu ainda acredito nas pessoas! J

domingo, 8 de abril de 2012

Chocolate: Vilão ou mocinho?














Amo chocolate! Desde criança a Páscoa sempre foi especial para mim. Dentro da minha religião é época de repensar a vida, tentar ser uma nova pessoa, renovar as esperanças, renascer! Além disso, sempre aguardei ansiosamente o Domingo de Páscoa por causa dos CHOCOLATES. Sempre amei chocolate!!! Mas será que o chocolate que tanto amo é um pecado para minha dieta? Renove suas esperanças, em comer chocolate sem tanta culpa, nas linhas a seguir...

O chocolate é feito a partir da pasta de cacau. O cacau, quando os primeiros colonizadores espanhóis chegaram à América, já era cultivado pelos índios, principalmente os Astecas, no México, e os Maias, na América Central. Eles consideravam as sementes de cacau tão valiosas que as usavam como moeda e o cacaueiro era considerado uma planta sagrada. O primeiro nome dado à árvore do cacau foi Amygdalae pecuniariae, que quer dizer “amêndoa-dinheiro”, por seu significado como moeda de intercâmbio. No entanto, foi o sueco Carl von Linne quem realizou a primeira classificação botânica, denominando-a Theobroma cacao, que significa “cacau, alimento dos deuses” ( e eu concordo em gênero, número e grau!).

O cacau é rico em flavonoides que possuem inúmeras ações importantes para nossa saúde. Alguns estudos já mostraram que tem propriedades anti-inflamatórias (atuando de forma a melhorar doenças que tem aumento da inflamação como doenças autoimunes, a própria doença coronariana, e diabetes), diminuindo risco de doença cardiovascular, diminuindo o colesterol ruim (LDL), diminuindo triglicerídeos (gordura no sangue). Em um estudo realizado em 2004, o consumo de cacau e de chocolate aumentou a concentração de colesterol HDL (colesterol “bom”), o que está relacionado com a diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Em outro estudo, foi demonstrado que o LDL (colesterol “ruim”) não sofre oxidação (se tornando ainda mais agressivo e maléfico) dentro do organismo por causa do efeito antioxidante de compostos presentes nos alimentos, como os flavonóis do chocolate, a vitamina E e C.

Os flavonóides encontrados no cacau agem também na diminuição da pressão arterial, interferindo na melhora da função endotelial dos vasos sanguíneos (células que revestem os vasos sanguíneos por dentro mantendo sua integridade).

Apesar de ser um alimento de alto valor energético (cerca de 523,8 Kcal em 100g), o chocolate quando consumido moderadamente pode inclusive ajudar na perda de peso. Alguns estudos sugerem que o consumo moderado de chocolate com >50% de cacau na sua composição, como sobremesa, 2x na semana, está associado a menor índice de massa corporal, ou seja, a indivíduos mais magros, quando comparadas as dietas de pessoas com mesmo numero de calorias totais no final de um dia.

Já é sabido que em pessoas com compulsão por comida, quanto mais se restringe a dieta, maior a chance de se ter um episódio de compulsão alimentar (ingestão descontrolada de comida, geralmente de alto valor calórico). Após esses episódios de compulsão, a pessoa se sente extremamente culpada e triste. Muitas vezes, esse é o FIM de um programa de emagrecimento e mudança do estilo de vida.

Mas todos os chocolates são iguais?

Não. O chocolate branco não tem cacau, logo, não tem as propriedades boas dos flavonoides. O chocolates ao leite tem menos flavonóides que o meio amargo e o amargo, além de ter maior conteúdo de leite e açúcar (sendo mais calórico)

O chocolate amargo (contendo no mínimo 50% de massa de cacau) seria o mais benéfico para o coração. Os melhores resultados foram obtido com chocolates contendo mais de 70% de cacau. Estes chocolates também são ricos em magnésio, em concentrações de 300mg/100g, suprindo a quantidade diária deste nutriente, que por sua vez tem ação antagônica ao cálcio, favorecendo o controle da pressão arterial.

A tabela 1 mostra de forma resumida os diversos estudos que tentaram avaliar os benefícios do chocolate, sendo a maioria realizados com chocolate amargo ou cacau em pó.

(RODRIGUES, UTFM, REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE A AÇÃO DO CHOCOLATE, CHÁ, VINHO TINTO E CAFÉ NA SAÚDE CARDIOVASCULAR, Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v. 1, n. 2, p. 36-46, Mar/Abr, 2007





Acredito, mais do que nunca, que uma dieta de emagrecimento e manutenção do peso deve ser EQUILIBRADA, sem “maluquices” ou radicalismos. Ser saudável inclui ser FELIZ! J O chocolate pode e deve fazer parte de uma dieta equilibrada, sendo incluído em média 2x por semana como sobremesa, feliz e sem culpa, numa dieta saudável. Isso, além de diminuir o risco de doenças cardiovasculares, diminui a chance de se ter um episódio de compulsão alimentar.

Feliz Pascoa a todos!!!!