Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Obesidade, diabetes e bactérias intestinais. Qual a relação entre eles?



Após um longo período sem escrever estou de volta, e com força total! Não, eu não deixei  de estudar! Ocorre  que gosto de escrever sobre algo que  desperte a minha curiosidade e a de vocês (imagino...). Gosto de estar inspirada, e nas ultimas semanas não estava muito... Bom, o assunto que escolhi para falar foi um tema que foi enviado por uma professora da USP nesta semana e coincidentemente saiu na Revista Veja também. Qual a influência das bactérias intestinais no nosso peso corporal e na chance de termos DIABETES? Já tinha abordado este assunto num post anterior, mas agora tenho detalhes interessantes.

Quando nascemos nosso intestino não possui nenhuma bactéria. É estéril. A medida que nos alimentamos e temos contato com nossos pais, vamos sendo "colonizados" por bactérias intestinais. Até recentemente, acreditava-se que essas bactérias protegiam o intestino de infecções por outras bactérias nocivas a saúde e que poderiam nos causar doenças sérias. Sim, isso ainda é verdade. O que estamos descobrindo é que essas bactérias além dessa função, protetora, também podem ser responsáveis por OBESIDADE e DIABETES. Isso é incrível ! (na minha humilde opinião) Lembro-me quando ainda na faculdade estudei que podiam ser identificadas bactérias nas placas de ateroesclerose, do coração, sendo levantada a hipótese que a doença coronariana seria desencadeada por infecção bacteriana. Em seguida, a síndrome metabólica (que é a combinação de diabetes, obesidade, principalmente no abdome, aumento de colesterol e triglicerídeos, e pressão alta) foi associada a um estado INFLAMATÓRIO tal e qual o que ocorre durante infecções. Agora, temos evidências de que dependendo da "qualidade das bactérias intestinais" podemos desenvolver DIABETES e OBESIDADE. Todos esses dados juntos são muito interessantes.
OK, mas quais são as evidências dessa hipótese de bactérias intestinais causando obesidade e diabetes? Em 2009 saiu um artigo na revista Science (Science, 29 May 2009, p. 1136) no qual ratos obesos emagreceram, mantendo sua dieta, após terem sido tratados previamente com antibióticos e , posteriormente, terem sua microbiota (bactérias residentes no intestino) substituída pela de outros ratos naturalmente magros. Nesta época, um microbiologista chinês, Zhao Liping, que estava lutando com a obesidade, resolveu testar nele mesmo essa teoria. Tinha engordado 30 kg durante sua pós-graduação e sofria com as consequências da síndrome metabólica. Começou, então, a utilizar uma raiz chinesa (um tubérculo parecido com batata doce) e uma fruta chamada bitter melon. Em comum, ambos os alimentos são conhecidos por suas propriedades PROBIOTICAS. Estimulam o crescimento de algumas bactérias em detrimentos de outras no intestino, mudando o perfil da microbiota intestinal. O resultado foi que o pesquisador EMAGRECEU 20 kg em 2 anos.


 Seus problemas decorrentes do excesso de peso cessaram e ele conseguiu manter esse peso até agora. analisou o perfil de bactérias das próprias fezes e percebeu que elas eram de qualidade e proporção (quantidade) diferentes!! Mas como bom pesquisador, Zhao sabia que "sua experiência pessoal" apenas não seria suficiente para convencer o mundo de sua teoria. Iniciou uma série de estudos sendo um deles com um grupo de 123 indivíduos obesos (com IMC>30) submetidos a uma dieta com prebióticos. Noventa e três pessoas completaram o estudo, tendo emagrecido 7Kg. As toxinas intestinais e as bactérias intestinais eram totalmente diferentes. Animado com esses resultados, está conduzindo uma nova pesquisa, agora em 3 cidades diferentes da China com um total de 1000 pessoas! Num outro estudo, agora realizado na Holanda, outro grupo de pesquisadores estudando pessoas obesas e diabéticas, apenas utilizando alimentos pro bióticos, sem mudar a rotina de alimentação e atividade física, observou uma diminuição de peso e melhora do diabetes.
Bactéria que causam menos "inflamação" seriam mais benignas dando chance para o organismo atingir um novo equilíbrio, mais saudável.

Esses resultados são animadores, mas o principal recado é que ainda temos que aprender muito no quesito diabetes e obesidade!! Para isso, é primordial continuar investindo em pesquisa básica.... mas existe luz no fim do túnel!!!


Esta imagem foi retirada da revista Veja ed 2297- ano 45- n 48


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Hábitos fazem de nós quem somos! Em que diferem os americanos e os franceses?





   Acabei de voltar de férias de França encantada! Díficil não se encantar com um lugar de história rica, comidas gostosas, vinhos maravilhosos, arquitetura rebuscada, que dita moda há muito tempo! Viajar, pra mim, também é observar hábitos e apreender com eles. Fiquei 15 dias na França e desde o princípio chamou-me a atenção de, apesar da famosa culinária e do gosto pelo “comer”, não encontrarmos obesos pelas ruas. Fato é que dificilmente topamos com alguém com sobrepeso. Fiquei então me perguntando o por quê de apesar de reverenciarem a boa culinária, de serem o país do croissant e de iguarias da pâtisserie e de gastarem em média 2 a 3h em pelo menos uma refeição principal do dia eles são magros (bem magros!)? Neste mesmo ano também fiquei 15 dias nos Estados Unidos. A sensação era a oposta: terror com os milhares de obesos e grandes obesos que esbarram o tempo todo com você.  A França é o país mais magro da Europa, sendo apenas 9,4% da população obesa! Assustador quando comparamos com os Estados Unidos com seus 30,6 % de obesos! Mas o que eles fazem para serem magros? Como explicar que num país de culinária mundialmente famosa as pessoas são magras? Pensei muito sobre isso, observei, li. Vamos ver e comparar alguns fatos:

França
Estados Unidos
As pessoas comem devagar e apreciando a comida. O marido francês de uma amiga que está morando em Paris demora 3h jantando! Comendo vagarosamente, degustando, entrada, prato principal e queijo (isso mesmo, queijo ao invés de sobremesa doce). Sem ver televisão, ou dividir a atenção com mais nada.
FAST FOOD já diz tudo = é a cultura do comer RAPIDO, andando, resolvendo os problemas, sem nem se dar conta do que e do quanto se come. Café da manhã geralmente no carro, enquanto se dirige para o trabalho, almoço em pé na rua ou na mesa de trabalho, lendo, vendo um flme, sem perceber a comida.
Comer até se saciar e nada mais. Em geral os franceses comem até se saciar, com “elegância” e não “por comer”. Quando satisfeitos, saem da mesa.

Comer com os “olhos”, tudo tamanho GG. Comer muito! "Você aceitaria o tamanho maior dessa promoção por apenas 50 centavos a mais?"
E os croissants, “pain au chocolat” (folheados com recheio de chocolate), docinhos presentes em cada esquina? Perguntamos como não engordam comendo isso. Resposta: “Não comemos isso todo dia! Normalmente, no café da manhã, comemos uma torrada integral ou uma fruta.”

“Oreos”, “cookies”, sanduiches, pizza e muitos produtos industrializados, todos fazem parte SIM da refeição básica da maior parte dos americanos. Chocante para mim ver no programa do Jamie Oliver (cozinheiro inglês que percorreu as escolas fundamentais dos EUA) que muitas crianças americanas não reconhecem frutas e legumes por NUNCA TEREM VISTO esse em sua forma “natural”, pois seus pais não consomem esses alimentos ou só compram produtos congelados ou pré-prontos.
Refrigerante? Não vemos quase ninguém bebendo. Quando víamos, logo constatávamos serem AMERICANOS. Nas refeições: vinho e/ou agua. Nos intervalos? Água. Santa água
Refrigerante substituindo água. Vendido aos “baldes” de 750 mL, 1000 mL ou mais. O refrigerante tem sido apontado como uma das principais causas da obesidade e da liderança dos EUA com o pais mais gordo do mundo!
Por todos os cantos tinha alguém correndo ou andando de bicicleta. Muitas bicicletas com pessoas de todas as idades em cima delas. Testei o Velib em Paris: mais de 300 estações espalhadas por toda cidade, sendo os primeiros 30 min de graça. Fácil e pratico, sem necessidade de cadastro antecipado.
Todos andando de carro. Carros, muito carros, automáticos, luxuosos... andar pra que?

    A França é o país mais magro da Europa, porém existe um alerta de que apesar disso o percentual da população com sobrepeso e obesidade tem crescido, acompanhando a tendência dos outros países europeus. Ainda assim, a França continua magra, linda, saudável e colorida. Quero seguir esse caminho e ser cada dia um pouco mais francesa. Cultivar o "comer com elengância, degustando, apenas para ficar satisfeita", correr e andar de bicicleta para me locomover, beberpreferencialmente água nas refeições, e um vinho tinto de vez em quando ( Até porque faz bem para o coração, em quantidade moderada).
Até a próxima!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Menopausa e terapia de reposição: fazer ou não fazer, eis a questão.




O estudo WHI (Women’s Health Initiative), que provocou um verdadeiro “rebuliço” na vida das mulheres em terapia de reposição hormonal (TRH) ou daquelas que pretendiam faze-la, completa 10 anos. Nesse tempo muitas lições foram apreendidas. Acho ser essa uma boa hora para rever alguns conceitos e preconceitos sobre esse assunto.

            Muitas mulheres sofrem com o climatério, período de mudanças hormonais na mulher que causa diversos sintomas, e que engloba a menopausa, que determina o final da vida reprodutiva da mulher.  Período muito conturbado e que traz, nos próximos anos, mudanças em praticamente todos os sistemas e aparelhos. Alem disso,  aumenta o risco de doenças sérias como OSTEOPOROSE, INFARTO e, até mesmo, CÂNCER DE MAMA. Opa! Espere um momento. Vamos rever os fatos: CANCER ? Alguns podem se perguntar como a menopausa pode aumentar o risco de câncer se o próprio estudo WHI foi INTERROMPIDO pelo AUMENTO da incidência de câncer de mama nas mulheres em reposição hormonal. De forma resumida, o estudo WHI comparou as incidências de doenças cardiovasculares, câncer (CA) e osteoporose grosso nas mulheres em TRH, em relação a outras mulheres em menopausa sem TRH. Uma das hipóteses era que a TRH reduziria a progressão de eventos cardiovasculares sem alterar a chance de desenvolver câncer “estimulado” pelos hormônios, com câncer de mama ou endométrio. O grupo de mulheres usando estrogênio + progesterona (que é necessária para mulheres que tem útero, não são histerectomizadas) interrompeu o tratamento pelo significativo aumento do número de câncer de mama. Isso, divulgado no Jornal Nacional (Rede Globo), provocou um verdadeiro “desespero” entre as mulheres em TRH e em alguns médicos. O que sabemos hoje é que isso parece ser verdade por causa do TIPO de progesterona usada no estudo: medroxiprogesterona, que aumenta, sim, o risco de CA mama. Acontece que este tipo de progesterona não é o mais utilizado atualmente nem tampouco na dose (alta, aproximadamente 6x superior a que hoje é utilizada) que foi a do estudo. Analises posteriores mostraram que com a divulgação do WHI a prescrição de TRH diminuiu em 50% nos EUA. A incidência de câncer de mama (que deveria diminuir se a causa fosse a TRH), entretanto, AUMENTOU nos anos subsequentes, sugerindo que a TRH não teria tanta influencia assim. Além disso, nas mulheres que participaram do grupo repondo apenas com ESTROGENIO, a TRH protegeu contra o CA de mama! Numa revisão sobre TRH publicada neste ano na revista Climateric, especializada em publicações cientificas em climatério, há dados que mostram que a reposição de estrogênio por via trasdérmica (mas não a via oral, utilizada no estudo WHI) reduz incidência de CA de mama e de doenças cardiovasculares (Infarto e acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como “isquemia ou derrame cerebral”).
            Outro fato interessante é que a população das mulheres incluídas neste estudo tinham idade média de 63 anos , sendo que 2/3 da amostra iniciou a TRH após 60 anos. Muitas já em menopausa há 10 anos. Atualmente, sabe-se que após a menopausa, principalmente nas mulheres com fatores de risco para doença ateroesclerótica (aquelas que fumam, tem colesterol alto, sedentárias, obesas, diabéticas, ou com historia familiar de infarto/AVC) o processo de formação de placas de gordura é ACELERADO. Quando a placa de gordura esta formada, e alimentada pela gordura do sangue, alguns anos apos a menopausa, o inicio d uso dos hormônios da reposição (principalmente o estrogênio) podem precipitar o rompimento deste placa de gordura, e causar um infarto.
Resumindo as críticas sobre o estudo WHI:
1)    Progesterona usada foi SINTETICA (e não a “natural”, progesterona micronizada, igual a produzida por nós).
2)     Alta dose, aproximadamente 6x maior que a utilizada atualmente.
3)    Estrogênio foi dado por via oral, que sofre efeitos ao passar pelo fígado, podendo causar danos hepáticos e alterando a produção de colesterol e triglicerídeos. Preferimos atualmente a via de administração trascutânea (gel ou adesivo).
4)    Estrogênio utilizado foi conjugado, sintético, sendo hoje utilizado o estrogênio análogo ao nosso, mais “natural”.
5)    Mulheres incluídas já tinham muito tempo de menopausa, algumas mais de 10 anos. Já tinha doença coronariana ESTABELECIDA, não sendo a TRH útil para PREVENIR a evolução deste doença que já estava em curso.

Então, vale ou não vale a pena repor hormônios nas mulheres menopausadas? Depende!! Mulheres no primeiros 5 anos pós menopausa estão “na janela de oportunidade” para fazer a reposição e tem SIM muitos benefícios. Enumerando os benefícios:
1)    manutenção do tônus muscular, diminuindo a substituição que ocorre com a idade, de gordura entremeada nos músculos
2)    Diminui a perda de massa muscular e força que ocorre com o envelhecimento
3)    Prolonga a “vida sexual ativa” com mais qualidade- libido, lubrificação vaginal, etc.
4)    Previne osteoporose
5)    Previne doença cardiovascular
6) Previne perda de memória e alguns tipos de demência.
Por quanto tempo? Enquanto houver beneficio, quiçá para sempre!

É claro que todo tratamento deve ser julgado individualmente e respeitando as necessidade e peculiaridades de cada um, mas são muito os benefícios, quando não ha contraindicações!
Envelhecer com qualidade: acho que é isso que buscamos!!!

Aprofundamento: 
Site: www.feminina.org.br/V Simpósio de Atualização em terapia hormonal na menopausa para endocrinologistas” Aulas em PDF

Climacteric. 2012 Apr;15 Suppl 1 Review.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Obesidade, fertilidade e contracepção Parte 2


A obesidade é apontada como fator desencadeante de uma série de alterações da “capacidade reprodutiva” das mulheres (como já falado anteriormente), bem como problemas durante a gestação que põe em risco o feto (como pré-maturidade e maior risco de eclampsia, que é a forma grave de hipertensão arterial na gestante , evoluindo com crises convulsivas e lesão neurológica na mãe).


Muitos trabalhos relatam aumento do risco de perda fetal (aborto) precoce na gestação tanto em gestação espontâneas como naquelas induzidas pelo médico (com auxílio apenas de medicações ou fertilização in vitro). O mecanismo exato de infertilidade não está bem elucidado ainda. Já é sabido que mesmo nas mulheres com sobrepeso (IMC maior que 25 Kg/m2) os picos do hormônio luteinizante [LH] (que induz a ovulação e a formação do corpo lúteo) é menor (menos amplo) e que na média a concentração desse hormônio no sangue também é menor. Além disso, essas mulheres têm uma PIOR resposta ao estímulo de ovulação induzida por injeções de gonadotrofinas (como o Lupron) utilizadas para induzir ovulação.

Muito interessante é o fato que além de maior risco de infertilidade, o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de GESTAÇÃO INDESEJADA. Isso foi surpreendente para mim também! O risco da FALHA do contraceptivo hormonal (pílula anticoncepcional) é maior nas obesas ou com sobrepeso. A explicação para isso seria que o fígado da mulher nessa condição metaboliza mais rapidamente esses anticoncepcionais que os hormônios do anticoncepcional ficariam “seqüestrados”, dissolvidos na gordura, não atuando nos locais que deveriam atuar. Mas as evidencias na literatura médica sobre o porquê disso acontecer ainda é controversa e precisa ser melhor esclarecida.

A perda de peso é o tratamento de PRIMERIA linha no caso de mulheres inférteis, que não ovulam. A perda de peso de 2-10% do peso corporal já restitui a ovulação e a fertilidade em 44-72% das mulheres obesas nesta situação! Por isso, atenção mulheres que estão fora do peso mas desejam gestar: vamos correr atrás do prejuízo (literalmente) e fazer logo dieta e atividade física!!

domingo, 29 de julho de 2012

Obesidade, Infertilidade e Contracepção. Parte 1, opinião do Fisiologista.


        A  vida moderna, corrida, dinâmica e instável, impõe cada vez mais estresse  e dilemas à mulher. Talvez não somente à mulher, mas ao homem também, que se vê inseguro e sem saber mais seu papel ao lado dessa mulher moderna neurótica e frenética.  Cada vez mais, nós mulheres modernas, “empurramos” o desejo de ser mãe para mais tarde. Com isso, vamos vendo ao longo do caminho amigas, parentes ou conhecidas que não conseguem engravidar ou levam anos tentando...e terminam na “corrida maluca” para fazer tratamentos, como a fertilização in vitro. 
      Muitos são os fatores que influenciam na fertilidade. Fatores femininos e masculinos. O estresse, fumo, toxinas alimentares, são alguns dos fatores que diminuem a espermatogênese (produção de espermatozoides) masculina, por exemplo. Na mulher, além desse fatores gostaria de apontar para a OBESIDADE. Você pode estar achando que estou “puxando a brasa para minha sardinha”, mas a OBESIDADE por muito tempo foi um fator desconhecido de infertilidade e ainda é muito negligenciado. Na edição deste mês da revista da The Endocrine Society (Sociedade Americana de Endocrinologia) a matéria principal foi sobre “Obesidade, infertilidade e contracepção”. Achei muito interessante e resolvi dividir com vocês esse conhecimento. Vou dividir o post em três partes: Infertilidade, na parte 1, opinião do Fisiologista, na 2, opinião do Endocrinologista Clínico, e Contracepção, na parte 3.

A matéria da revista abriu meus olhos para alguns aspectos que simplesmente desconhecia, e me deixaram encantada (talvez abobalhada!). A fertilidade e as anormalidades na ovulação têm relação clara com ESTADO NUTRICIONAL. A desnutrição, o baixo peso e a pratica de atividade física extenuante influenciam o eixo que controla a ovulação (Eixo-hipotálamo-hipofisário) inibindo esta.  Isso ocorre como um mecanismo de defesa do organismo, afinal “se não tem energia nem pra manter um corpo em pé, que dirá gerar um segundo.” Neste contexto, moléculas de sinalização presentes no cérebro, no hipotálamo, diminuem: kisspeptina, leptina, galanina e Neuropeptideo Y (para nomear para aqueles da área de saúde). Essas proteínas são sinalizadores FUNDAMENTAIS para produção das Gonadotrofinas (que comandam a ovulação). Curioso é que pesquisadores encontraram semelhante diminuição dessas proteínas no cérebro das mulheres obesas, que desenvolvem o que chamamos de “hipogonadismo hipogonadotrofico”, ou seja, de forma semelhantes as desnutridas, as obesas diminuem a sinalização de “ovular” e se preparar para gestar.
            E é só isso? Não, tem mais! O ovócito secundário (vulgo “óvulo”) da mulher obesa parece ter uma qualidade pior para prosseguir na formação do embrião. É esse ovócito quem “doa” as mitocôndrias que irão ser a usina geradora de energia para o ovo fertilizado, e o futuro embrião, se desenvolverem e implantarem no útero eficientemente. Em experimentos com ratas obesas, estas mitocôndrias exibem metabolismo anormal, DNA alterado e uma distribuição no ovulo alterada. Quando essas ratas obesas permanecem submetidas a dieta rica em gordura, seus ovócitos são menores e o sucesso da fertilização in vitro (FIV, conhecido popularmente como “bebe de proveta”).
            A implantação do embrião no útero, que garante a formação adequada da placenta e o sucesso da gestação parece ser dificultada pela obesidade, provavelmente pela produção de proteínas inflamatórias que criam um ambiente uterino inóspito para o embrião.
            Para completar, fiquei pasma com o achado em estudos com animais, que o isolamento social também leva a infertilidade e significativo aumento de Câncer de Mama!! Os pesquisadores isolaram por 14 semanas um grupo de camundongos fêmeas, antes de entrarem na puberdade (pré-púberes), em gaiolas individuais enquanto deixaram em uma gaiola agrupadas 5 de suas “irmãs”.  Os camundongos que ficaram isolados tiveram maior incidência de câncer de mama e os tumores eram maiores e mais agressivos. O ciclo hormonal dos camundongos e de moléculas de sinalização cerebrais e nos tecidos periféricos. Os experimentos sugerem que não só a obesidade, mas também o estresse e o isolamento social podem ser importantes no processo de infertilidade e de tumorgênese.
            A infertilidade associada a obesidade e a irregularidade menstrual sempre foram muito associada a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Sempre atendi mulheres obesas que se queixavam de irregularidade menstrual mas não preenchiam os critérios de SOP. Muitas vezes, essas mulheres foram “taxadas” como tendo SOP e vinham sendo tratados com anticoncepcionais ou metformina (remédio para diminuir a glicose) incorretamente. Ficava me questionando o que tinham essas mulheres obesas. Agora estou feliz! Feliz em saber!!! Não tem jeito, no final tudo recai sobre perder peso e adquirir hábitos mais saudáveis. Nós profissionais de saúde temos o dever de insistir nessa tecla. E vocês, em quem a carapuça servir, em acreditar que é possível e que há uma luz no fim do túnel!
        Este foi o artigo da opinião do “fisiologista” (pesquisador, que estuda a parte molecular de como o organismo funciona). Na próxima postagem, vou abordar a opinião do “Endocrinologista clínico”. Até breve!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Meia-maratona: sonho, planejamento, treinamento, conquista. Lições de vida.



            Neste domingo completei minha primeira MEIA MARATONA (21 km correndo, sem parar, da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo). Resolvi escrever sobre essa experiência pois o “processo” de correr uma Meia Maratona em muito se assemelha com qualquer outro processo de “conquista de um objetivo”, de “realização de um sonho”.
            Há alguns anos, desde que um amigo correu a meia maratona, tenho vontade de correr a MEIA MARATONA DO RIO DE JANEIRO. Para começar, porque o cenário é lindo, passando por toda orla do Rio de Janeiro, da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo. O clima é de vibração e empolgação de uma plateia de desconhecidos, que te impulsionam e estimulam, como se fossem da sua família. Até ai, tudo não passava de um sonho distante, bem distante. Mais do que distante, achava IMPOSSIVEL. Treze anos se passaram até que retomasse esse propósito e ACREDITASSE. Após acreditar, parti para o PLANEJAMENTO.  Elaboramos um plano e tentei segui-lo o mais fielmente possível. É claro que “escorreguei” e em alguns momentos não segui 100% o plano, mas me esforcei ao máximo. Se o plano era treinar todos os dias, correr horas e horas? Não! Era um plano BEM REALISTA, baseado na minha vida, no meu trabalho, na minha rotina. Tinha que correr 3x na semana sendo que em dois dias treinava em torno de 45 min- 1h e aos domingos fazia um treino mais longo. Em 5 meses progredi de 7km, no treino longo, até 16km. Era para ter ido até 18km, porém tirei férias, sim FERIAS, e depois adoeci, o que atrasou meu treinamento.  Neste momento, tive dúvida se conseguiria atingir o meu objetivo, afinal nunca tinha corrido nem os 18km planejados, imagine 21km!  ACREDITEI!
            Ao longo dos meses de treinamento, com a progressão dos treinos longos, tive dificuldade em acordar cedo no final de semana, afinal acordo cedo TODOS os dias! Treinei a noite, treinei as 11h da manhã , me arrependi de ir correr tão tarde, com sol e calor. Pensei em desistir quando eram programados 14km e ainda estava em 7km, super cansada. Todo esse processo me fez crescer muito. Durante a corrida, as vezes sentia dor, no joelho, nos dedinhos, cólica abdominal. Nestes momentos, falava para mim mesma: “Não desista, você é FORTE. VAMOS LA!! Força!”,“Falta pouco”, “já foram 10, agora, só mais 4km!”. Num determinado momento, você acredita. Acredita nisso pra corrida, mas leva isso para sua vida também. A mensagem fica gravada. O orgulho, estampado no rosto e no coração. A mensagem gruda na sua cabeça. Essa força, essa segurança, é uma herança para outros momentos da vida: para carreira, para o mestrado, para uma prova, para mudar o corpo, para emagrecer... Aprendi muito treinando para corrida!
            Chegou o grande dia. Como em toda “estreia”, o nervosismo imperava. Ansiedade, dificuldade para dormir a noite.  Acordei as 4:40h da manhã, 1 minuto antes do despertador. E o sono? Foi embora! Nada de sono. Apenas uma vontade enorme de conquistar aquilo para que tinha me preparado por 5 meses, ou melhor, por 13 anos. Dada a largada, muitos partem afoitos, rápidos. Tive calma, segurei o passo, ajustei a musica. Afinal precisava de um repertório que durasse pelo menos 2h e 30 min! Mantive o passo. Curti a vista. Subi a Niemayer. Tive cólica. Fomos perseguidos por um Rottweiler, que pulou o portão de uma casa e correu, no meio da multidão, raivoso, em busca de uma presa canina, que acompanhava seu dono na maratona. Fugi do Rottweiler. Curti a vista. Peguei chuva, fraca, depois muito forte, depois com vento, depois só forte. Falei comigo mesma que conseguiria. Me emocionei pensando na chegada. Passei pelos 16 km, 17, 18, acreditei. Me senti forte. Acelerei o passo, estiquei as costas. Corri mais rápido. 19, 20, corri mais rápido e mais empinada. 21km. Vi a chegada. Corri mais rápido. Venci! Chorei, chorei. Fiquei muito feliz. Senti meus joelhos, minhas coxas. Andei, feliz e orgulhosa. Pensei na minha família, na minha mãe, no meu marido. Agradeci ao meu treinador pela força e por ter me feito ACREDITAR. Agradeci pelo planejamento. Por ter me estimulado. Sim, eu poderia completar a maratona. Mesmo sendo uma médica atarefada, mesmo dando plantões, mesmo tendo que arrumar tempo para correr, fazer compras pra casa, fazer comida, dar atenção a família, estudar. Mesmo tirando férias. Mesmo terminando o mestrado. Sim, eu ACREDITEI, me PLANEJEI, VENCI os obstáculos. ATINGI O MEU OBJETIVO. As lições apreendidas ultrapassam a corrida em si. Foram lições de vida, de perseverança, de planejamento, de adaptação, de paciência, que serão levadas pra minha vida. Muito feliz. Muito realizada. Inscrita na próxima! 


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Chia: essa sementinha está na moda. Mito ou verdade?


Há uns 6 meses tenho escutado falar nesta sementinha chamada CHIA. Escutei primeiramente de uma Cardiologista amiga minha, que está usando juntamente com seus pais. Logo em seguida, dois pacientes se consultaram comigo, ambos mantendo os mesmos remédios, mas com o colesterol muito melhor. Minha madrinha, recentemente comentou que está usando a CHIA e revela que fica mais tempo satisfeita após o uso da Chia no café da manhã. Resolvi então, curiosa que sou, estudar (sugestão: investigar)um pouquinho sobre essa sementinha da moda.
A semente da CHIA é rica em ácidos graxos dentre os quais o alfa-linoleico (ômega 3). Quando hidratada (por ser misturada em iogurte, sucos ou frutas, por exemplo) assume uma consistência gelatinosa que ajudaria a “saciar” o apetite, diminuindo a fome, e lentificar a absorção de açúcares. Além disso,  teria propriedade de diminuir o colesterol ruim e aumentar o bom. Tem fibras que ajudariam no trânsito intestinal, contribuindo para regularização do intestino. O potencial dessa sementinha é enorme.
Buscando artigos científicos sobre a chia pude constatar que a grande maioria dos artigos que veem grandes benefícios são feitos em ratos ou camundongos. Só achei um único artigo em humanos! Neste artigo, os pesquisadores trataram homens e mulheres obesas, entre 20 e 70 anos, com 25g de semente de CHIA ou placebo, administrados 2x ao dia (total de 50g de CHIA por dia). Avaliaram parâmetros do metabolismo, peso, pressão arterial, glicose, gorduras no sangue (colesterol e triglicerídeos), substâncias inflamatórias dosáveis no sangue (que predispõe ao diabetes, câncer e doença cardíaca, dentre outras), antes e após 12 semanas de estudo. Ao final do estudo concluíram que não houve diferença entre os grupos que usaram CHIA ou placebo. É claro que é apenas um único estudo, com apenas 76 pessoas (geralmente são necessárias mais pessoas para uma conclusão definitiva). Talvez a dose utilizada da CHIA tenha sido pouca, insuficiente para mostrar sua “potência benéfica”. Enfim, muito ainda há que se aprender. Fato certo é que muitos sites e lojas de produtos alimentícios e remédios fazem propaganda SEM embasamento científico. Chegam a conclusões precipitadas e propagandeiam como se fosse uma verdade absoluta.
O que eu acho? Pessoalmente, usaria a semente. Tem grande potencial teórico para funcionar. Não prescreveria, pois não posso me comprometer com meus pacientes indicando algo sem evidência científica. Trabalho com o que há de mais correto em relação a grau de evidência. Mesmo assim, vira e mexe somos surpreendidos por novos efeitos colaterais de antigas drogas! A vida é um bem muito valioso para “brincarmos” com ela. Muito melhor é VIVÊ-LA!! Também não aconselho ninguém a “suspender os remédios do colesterol” apenas para usar CHIA. Muito temos que aprender sobre essa sementinha ainda!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

E como está sua vitamina D?

Você sabe como está sua Vitamina D? Há pelo menos 3 anos muito tem se falado sobre a importância em se pesquisar a deficiência de vitamina D.  Muitos artigos tem explorado os diversos papéis dessa vitamina no organismo, que, para ser sincera, não deveria nem mais ser tratada como um “vitamina”, mas sim um hormônio! O aumento da incidência de deficiência de vitamina D é uma realidade no mundo inteiro. Acreditava-se que o Brasil, por ser um país “ensolarado”, estaria livre deste problema. O que tem se observado é que mesmo neste país ensolarado muitos tem deficiência de vitamina D. Tenho solicitado rotineiramente essa dosagem e fico impressionada de como tenho encontrado deficiência desta vitamina. Mas, porque é importante tratar a deficiência de vitamina D? A vitamina D tem como funções: 1)Regular o metabolismo ósseo desde a absorção de cálcio no intestino, fixação de cálcio nos ossos, formação de osso, mantendo a “qualidade do osso”. Previne osteopenia e osteoporose. 2) nos músculos (tecido muscular) regula a entrada de cálcio e a força, além do tônus muscular. Sua falta leva a fraqueza muscular, fadiga, diminuição do equilíbrio e maior propensão a quedas. 3)previne o aparecimento de Diabetes tipo 2. 4)Atua no sistema de defesa do organismo (sistema imune) , sendo que sua falta leva a um maior aparecimento de doenças auto-imunes. 5)Atua no músculo dos vasos sanguíneos, diminuindo a produção de sustância que aumentam a pressão e inibe a formação de novos vasos sanguíneos. A falta de vitamina D pode ser responsável por aumento da pressão arterial e de eventos cardíacos (infarto do miocárdio). 6) Parece tem efeito anticancerígeno, principalmente quando se trata de câncer de intestino. Quem está sob maior risco para essa deficiência?  Idosos, principalmente mulheres; Negros; Pessoas que utilizam protetor solar diariamente ou que se exponham pouco ao sol; OBESOS; Acho fundamental dosar essa vitamina principalmente nos indivíduos com maior risco de deficiência. Repor sempre que necessário e sem excesso, afinal como sempre falo aqui, o equilíbrio é fundamental! Até breve!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Óleo de coco: beneficio real ou mito?


Depois de um longo período ausente, estou voltando a escrever. Decidi retornar com um tema que tem sido muito comentado, que é o uso do óleo de coco para emagrecimento. Como um óleo pode levar ao emagrecimento? Vivemos escutando sobre os malefícios do excesso de gordura na alimentação e de repente me aparece um óleo “prometendo” emagrecer?

O óleo de coco tem sido “badalado”, gerando empolgação por suas propriedades benéficas, porém, uma conclusão definitiva sobre seu poder emagrecedor ainda depende da conclusão de estudos que estão em andamento. Aqui no Rio de Janeiro mesmo há um grupo do Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras conduzindo um estudo neste sentido. Mas o que faz desse óleo especial?

O óleo de coco é rico em triglicerídeos de cadeia média, que não dependem de nenhuma enzima digestiva para serem absorvidos pelo organismo. Após absorvidos, caem rapidamente na corrente sanguínea. Tem 3 efeitos principais:

1) SACIEDADE: atuando no Sistema Nervoso Central, nas regiões responsáveis por sinalizar que a pessoa esta SATISFEITA, diminuindo tanto a fome como a vontade de iniciar uma nova refeição.

2) NO ESTÔMAGO: diminui a velocidade de contração do estomago, deixando este mais “parado” e diminuindo a velocidade de esvaziamento. Isso prolonga a sensação de SATISFAÇÃO.

3) NO METABOLISMO: Parece aumentar a taxa de metabolismo basal, e assim, o gasto de energia, além de alterar a produção de gorduras pelo organismo. Diminui os triglicerídeos e aumenta o colesterol HDL (o colesterol “bom”).

Esses efeitos têm sido atribuídos principalmente ao ácido láurico presente neste óleo. A confirmação disso, entretanto, depende dos estudos em andamento comparando os efeitos do uso de óleo de coco versus acido láurico isolado e placebo.

A quantidade de óleo benéfica seria de 1 a 4 colheres de sopa do óleo por dia, ingeridos juntamente com as refeições. Tem que ser do óleo de coco VIRGEM, e não do refinado. A quantidade de óleo pode variar de acordo com a pessoa, idade e doenças associadas a obesidade. A terapia deve ser individualizada pelo médico e nutricionista.

Vale ressaltar que esses efeitos descritos são POTENCIAIS não havendo ainda conclusão definitiva sobre benefícios e malefícios.

Ainda vale o conselho de dieta e atividade física acima de tudo!! (Vocês vão cansar de me ler isso no meu blog!)

Até logo!!

domingo, 6 de maio de 2012

Pausa para descanso....

Queridos amigos e leitores, entrei de férias, tumultuadamente há 1semana. Neste período, de 02/05 a 16/05 não me comprometerei a escrever. Todo mundo merece férias... Estou nos EUA e sempre é bom viajar p abrir os horizontes. Impressiona especialmente aqui na Terra do Tio Sam como as porções de comida são enormes, exageradas. Agora, com obrigatoriedade de indicar as calorias das porções pude atestar quão “gordas” também são! Para se ter idéia, na Sbarro, um prato de macarrão com tomate, berinjela e manjericão (parece light?) pode ter 2560 kcal!! Fiquei chocada. O pior é notar o quanto eles apostam na cura por todo e qualquer tipo de suplementos, vitaminas, shakes... Vc compra um estilo de vida que te leva a adoecer e, durante e depois, toma vitaminas e pílulas milagrosas para se livrar das doenças inventadas! Muito chocante! Bom, apos 16/05 certamente estarei de volta, renovada e de cabeça fresca! Um grande abraço a todos, Mariana

terça-feira, 17 de abril de 2012

Dieta e atividade física para emagrecer: mudar é possível?

Muitas pessoas são contra o uso de medicações para emagrecer. Eu também!

Ok, você deve estar se perguntando: “Espera ai, não foi ela mesma quem defendeu o uso da sibutramina, neste mesmo blog?” Deixe eu me explicar melhor. Sou contra o USO ISOLADO E “MILAGROSO” dos medicamentos, até mesmo porque remédio isolado não faz milagre! (Infelizmente, rsrsrsrs) A medicação ajuda e muito principalmente quando temos quadros crônicos de obesidade, distúrbio alimentar (sendo muito comum a compulsão alimentar), comer noturno, e outros que são verdadeiros sabotadores da dieta, e do peso!

Mudar é preciso... mas não é nada fácil. Os hábitos modernos, comidas prontas, super práticas, porém cheias de gordura saturada, farináceos e conservantes embutidos, controle remoto, elevados, carros hidramáticos, máquina de lavar roupa (A Santa!)... tudo muito bom, porém péssimo para o nosso organismo. “A tá, então vou ter que voltar ao tempo da pedra? Lavar roupa na mão, criar galinha em casa, ir trabalhar andando da Barra da Tijuca até o Centro da cidade (e levar 4h para chegar ao trabalho)?” Não, não, não. Pequenas mudanças fazem toda diferença. Muitas vezes (na maioria delas, diga-se de passagem), seja no consultório privado, no ambiente público, ou mesmo numa conversa de bar, as pessoas se revelam fazendo TUDO ERRADO. Não adianta num primeiro momento tentar mudar TUDO: “O Senhor(a) vai ter que seguir essa dieta (super rígida), iniciar atividade física 5x na semana, parar de beber bebida alcóolica, cortar doces... e escalar o Himalaia (esse ultimo é brincadeirinha).” Para 99% das pessoas isso é IMPOSSIVEL!! Tudo, ao mesmo tempo agora, não dá!

Mudar o estilo de vida é difícil mas não impossível. Isso implica em mudanças de hábitos sedimentados ao longo de anos, muitas vezes hábitos passados de geração em geração. Mudança de conceitos e quebra de preconceitos. Mudar é difícil mas não impossível. Existem alguns pontos muito importantes para se obter o sucesso nessa jornada:

1. Auto conhecimento é fundamental! Cada um tem um jeito e sabe o que é difícil para si. Traçar uma estratégia é fundamental! Nada é impossível!!

2. Sedentário. Inicie uma atividade física que lhe dê prazer: dança de salão (sempre sonhei em fazer), natação (super relaxante), yoga, luta (já fiz jiu-jitsu- M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Excelente para extravasar o estresse), tênis, bicicleta... caminhada...qualquer coisa. Ah tá, nada te dá prazer? Odeia atividade física? Tem que fazer mesmo assim. Escolha uma e se condicione a ir pelo menos 3x por semana. “Não tem tempo?” Arranje!! Pode ser 10 min de caminhada diária. Parece pouco? É um início. O importante é criar o hábito. Após 1 semana caminhando 10 min/dia, aumente para 15 min, depois 20 min... até alcançar 30 min. O importante é criar o hábito!!

3. “Não tenho tempo de comer direito” (só pra comer errado? Não entendi??). Não boicote você mesmo. Tempo é organização. Existe uma infinidade de opções hoje de comida saudável congelada, opções múltiplas de sanduiche + salada caseira, frutas e polenguinho light embalado individualmente, que podem ir na bolsa... Basta se organizar! Mesmo comendo na rua é possível fazer um refeição leve. Tudo são as ESCOLHAS que você faz.

4. Estabeleça metas realistas: Primeiro melhore sua alimentação não comendo doce de sobremesa (no trabalho) durante 6 dias da semana, por exemplo. Na outra semana, troque o pão francês ou o branco por pão light integral e tudo o que for “gordo” por light (leite integral por desnatado, queijo amarelo por branco/requeijão light, iogurte integral pelo light, açúcar por adoçantes, etc). Na próxima semana, corrija as quantidades... Pequenas mudanças podem somar grandes, enormes mudanças quando são feitas de forma lenta e no seu ritmo. Você tem que se acostumar com essa “nova vida”.

5. Use as escadas. Ande até o restaurante, academia, banco... evite o carro para pequenas distancias. Não faça drama!! Ouse! Aproveite um dia bonito para ir a pé! Crie coragem e vá!

Neste processo o apoio da família e dos amigos é fundamental. Muitas vezes estamos “dormindo com o inimigo” (é apenas uma metáfora rsrsrsrs). É a mãe que te oferece o seu prato “calórico” predileto, que ela fez especialmente pra você; o amigo que te leva num bar e quer “rachar” uma porção de batata frita... Neste caso, mudar fica ainda mais difícil! Mobilize todo mundo a te ajudar. E se você esta ao lado de alguém tentando mudar: “Pelo amor de Deus, ajude essa pessoa!! Colabore e não boicote esse processo tão difícil e custoso!” De qualquer forma o principal interessado em emagrecer, ganhar saúde, para de fumar... é VOCE!!!

Se organize. Planeje. MUDAR é possível! Eu ainda acredito nas pessoas! J